segunda-feira, 28 de outubro de 2024

28.10.2024

"Adeus", disse sem dizer, com um aceno de cabeça.
Olhando-a partir, sentiu nada. Era nada.
Deixou-a seguir seu caminho, sem dor, sem apegos, sem retornos.

Aquilo que não lhe edificava não cabia no seu desconstruir.

Um passo para o lado

Faz tempo que não apareço aqui. Meus dias têm sido insanos, mas estamos lidando razoavelmente bem dentro do possível.

sábado, 7 de setembro de 2024

Um, dois elefantes

Hoje foi um dia pesado. Emocionalmente muito pesado.

Havia sido relativamente leve até 17 horas. Aí as coisas tomaram um rumo muito complicado. 

Meu irmão de coração está passando, há anos, por muitos e muitos problemas. E eu queria muito poder tirar os espinhos de cima dele para que ele pudesse se ver de verdade, mas infelizmente não é assim que funciona.

Não vou falar aqui o que se passa, porque são inúmeras questões de foro muito íntimo, mas eu só queria que ele soubesse que eu sei que ele será um pai fora de série, participativo, apoiador, louco, apaixonado, parceiro. E eu sei que será, independente de seu filho ser biologicamente seu ou de coração. E eu sei que um dia ele se sentirá assim completo. 

Eu sei que, no momento em que uma vida lá em cima for destinada a ele, ele e sua esposa (uma mulher mais do que incrível) serão capazes de quebrar uma sequência de traumas geracionais, que eles não irão reproduzir, porque eles são os melhores do mundo.

Eu sei que, um dia, eu os ouvirei chorando as pitangas da paternidade e da maternidade, exaustos, e vão passar por isso, e vão construir a família que eles não tiveram. Eu sei. Eu só sei. Não sei como ou quando, mas eles são good-parents-material, sabe? Ainda que se questionem, eles são soda limonada com xarope de framboesa.

Agora essa sonho parece quebrado ou estilhaçado, mas confiem: Ele será real. E vocês dois merecem ser felizes. Vocês todos são valiosos.

Enquanto esse meu amigo me falava, eu ouvi uma história de muita dor. Um dos melhores amigos da minha sobrinha, 10 anos, salvo engano, luta há 5 anos contra câncer. E foi vencendo todas as etapas. Ano passado, ele, filho único, perdeu o pai. Ataque cardíaco, fulminante. Ele continuou lutando, mas agora os médicos estão desacreditados. E, nesse momento, ele precisa de um milagre, de muita oração, de muita energia positiva. 

São histórias tão tristes e dolorosas, de pessoas que não merecem perder tudo.

Peço orações, fé, correntes positivas.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Quebra de expectativas

Ao som de um barulho muito estranho que a barca está fazendo, comecei a escrever as linhas que vêm tomando meu pensamento há muito. Tentei escrever no papel, mas acabei me sentindo com medo de que alguém lesse. E então coloco num post público, hehehe. Faz sentido? Não faz. Mas faz.

Faz um mês hoje que eu fui submetida a uma apendicite de emergência. Estava no meio de um furacão de péssimas ideias, com pensamentos sobre findar minha própria vida. Acho que eu nunca teria coragem, porque eu já vi as consequências de tentativas ao meu redor. Quem fica sofre. Quem parte dificilmente encontrará a paz a que almeja. Mas eu pensei sim, e li a respeito do processo, e de como a gente começa a planejar resolver as pendências antes de partir. Cheguei a imaginar o modus operandi. E comecei a traçar meus planos para resolução das questões que julgava pendentes.

Na quinta-feira anterior, eu senti um enorme vazio na cabeça. Era como se todos os meus pensamentos tivessem se esvaziado, consumidos a si próprios até a sua conclusão.

Na sexta-feira anterior, dia do início da inflamação, havia gritado com todas as letras que não aguentava mais e que queria morrer. E eu queria. Queria ficar doente e partir. Ainda não sei se meu corpo deflagrou a doença a partir da dor, ou se já era a doença falando por mim.

Naquela sexta-feira, muita coisa aconteceu.

Os dois dias seguintes seguiram como se nada estivesse acontecendo. No sábado, havia um sol gostoso como se abraçasse. Filhote brincou, tentei ensinar a pular no pula-pula, mas não quis, pela n-ésima vez. Tomei uma água de coco. O final de semana foi de paz. Não houve festa no terreno da discórdia. Foi só silêncio e paz. Senti vontade de comer batata frita do Outback, então pedimos costela, batata e cebola. Definitivamente, eram excelentes opções para quem estava com infecção no apêndice. Domingo correu em paz também. E eu tomei sorvete e comi as sobras da costela, com pipoca e coca cola.

De domingo para segunda, filhote ficou mal, por conta de gases. Na segunda, acordei com uma leve dor no lado esquerdo. Achei que foi por conta da posição em que dormi, no tatame, ao lado da cama de filhote. Depois, levamos para a escola. Filhote protestou loucamente porque não queria entrar na escola - era o dia de retorno das aulas -, e eu o carreguei como um saco de batatas, com mochila e tudo, escola a dentro.

Ao voltar para casa, de carona com marido, que seguiu para o presencial, senti a dor se ampliar. Pareciam gases. Muitos gases. Doía muito na parte mais alta da barriga, do lado esquerdo. Nunca pensaria que era apendicite.

Resumindo a história, porque ela é longa, fui para o hospital achando que eram gases e querendo o remédio que me davam no tempo do colégio, que era tiro e queda. Fui achando que tomaria um remédio, de repente estava fazendo tumografia e exame de sangue, de repente estava internando, de repente era cirurgia... e até então estava serena, porque era algo simples e cotidiano na medicina. Eu só sentia gratidão por ter tido alguns sinais não relacionados à apendicite que me fizeram ir ao hospital.

Então, a anestesista me falou sobre a anestesia geral e que eu sentiria incômodo porque seria intubada. Foi aí que senti medo. Medo de não acordar. Intubação me fez pensar na pandemia, e o pânico apareceu pela primeira vez. Eu queria acordar. Eu queria abraçar meu filho.

Foi aí que girou uma chave na minha cabeça, que o psiquiatra decifrou: não é que eu queira morrer, eu só estou querendo parar de sofrer.

Ainda no mês de agosto, tivemos a devolutiva da análise neuropsicológica, e foi o cenário que a gente temia, mas já esperava: altas habilidades + risco para TEA.

Ambos têm fatores hereditários.

E aí, a segunda chave começou a abrir na minha cabeça.

Eu sempre soube que era acima da média. Eu não estudava, apenas lia em voz alta os capítulos da escola para minha mãe, até a 4a série. Depois disso, eu passei a ser responsável pelas minhas notas. Eu não fazia dever de casa. Eu relacionava tudo o que eu aprendia, em conexões que só fazem sentido pra mim. Matemática não era um conjunto de fórmulas... eu as deduzia cada vez que fazia uma questão. 

Minha criação foi muito restritiva. Meus pais não tinham dinheiro para atividades extracurriculares. Eu tive condições de fazer curso de inglês - e isso pesava muito já. Mas minha mãe não queria que eu fizesse nada além de estudar. Era uma coisa meio sem sentido, quando olho hoje. Ela estimulava o desenvolvimento das minhas habilidades, mas sempre foi num sentido autodidata. Ela viu que eu aprendi a costurar olhando ela: ganhei uma máquina de costura aos 12 anos. Eu tocava músicas de ouvido com auxilio de revista aos 10 anos: ganhei um teclado caríssimo. Mas eu não podia fazer aulas, ou qualquer coisa que atrapalhasse meus estudos.

Namorar era uma das coisas proibidas: somente depois que eu entrasse na faculdade. E foi assim que eu achei erradamente que a faculdade me daria um salvo conduto.

Hoje é muito claro que meu erro foi não saber que poderia ter um trabalho e ser concursada com ensino médio. Meu tio, o único concurseiro da família, era um péssimo exemplar do indivíduo que estava eternamente fazendo prova... sem estudar.

Escolhi engenharia pela ideia errada. Queria estudar no IME, para ser militar. Engenharia foi consequência. Eu não tenho aptidões físicas, então era o único caminho que fazia sentido na minha cabeça. Eu teria um trabalho, garantido, e nas horas vagas seguiria com a minha vida.

Mas a faculdade foi muito cruel. Seja porque eu tinha 16 anos e zero maturidade quando entrei, seja porque deu sorte e entrei numa das turmas mais odiosas da minha vida (sério, que safra azeda a minha)... e a tão sonhada liberdade de agir também foi comprometida. O ápice foi minha mãe vetar a iniciação científica que eu tinha conseguido apesar do meu CR lamentável. Depois quem assumiu esse papel de vigilante foi meu irmão. 

Tive pouquíssimos amigos na pequena infância. Lembro somente dos episódios de bullying - eu me recordo deles a partir dos 5 anos, idade em que fui adiantada e mudei de turma. Tinha completa inaptidão física, coisa que minha mãe nunca ligou muito. E inaptidão física quando se é criança é porta para isolamento.

(Um parênteses: minha inaptidão física só virou objeto de interesse quando minha mãe descobriu que eu me afogava numa piscina infantil no colégio. Aí minhas férias do primeiro pro segundo ano do ensino médio foram acordando 4:30 da manhã para fazer natação longe às 6 da manhã. Resultado: piores férias da minha vida)

Ser a primeira aluna me definia. Era o que eu fazia para ser aceita pelo menos para os meus pais e professores.

Quando entrei no ensino médio e fui para o meu Colégio, um mundo se abriu. De repente, eu me vi inserida num universo com jornais de colégio, com grêmio estudantil, com concursos literários, com elocuçào e tantas outras atividades extras... Minha primeira tentativa foi o coral, mas com a insistência da minha mãe que eu não poderia diminuir minhas notas, nem chegar tarde em casa. Enfim, na primeira apresentação, tomamos esporro por 3 horas e, ao chegar em casa, mais esporro. Foi assim que eu desisti do coral e comecei a fazer todas as outras atividades escondida.

Vivi essa vida dupla por 3 anos. Fui intensamente feliz e dramática como toda adolescente. Não tive sorte no âmbito amoroso nos tempos de colégio.

Minha vida era boba e dramática, e complicada, mas era minha. Até a metade do terceiro ano, em que passei a ser cobrada como nunca. Eu não lido bem com cobranças. Eu preciso de autonomia, porque eu sou naturalmente a pessoa que mais me cobro no planeta. E quando me prensam na parede, minha resposta é o extremo oposto.

Na faculdade, comecei a me culpar pela maneira como levei me ensino médio, me botando de volta naquela bolha, mas eu fui ficando cada vez mais infeliz, porque eu não era uma boa aluna de engenharia. Eu odiava tudo aquilo. Eu me odiava também. 

Dei sorte de conhecer meu marido logo no início do curso e brinco que conhecê-lo (e a minha amiga J.) foram as únicas coisas boas daquele curso.

A gente se segurou para terminar.

Nas minhas crises da vida adulta, sempre eram disparadas pelo desejo de voltar ao meu coração dos tempos de colégio: livre, engajado, motivado.

Eu sei que não dá pra voltar no tempo. Também não culpo minha mãe pela forma que me criou. Ela fez o melhor que podia, especialmente diante de uma cadeia de traumas que foi a vida dela. Ela queria que eu tivesse independência financeira.

Só que hoje eu não consigo mais ser contida, sabe? Ser vigiada, ser pressionada. Finalmente entendi porque o meu marido foi a melhor pessoa pra mim: ele nunca me pressionou, ele sempre me deixou solta, e tudo o que diz respeito a nós sempre foi conversado.

Eu me sinto asfixiada às vezes.

Cara, eu resumi tanto, mas tanto os pensamentos aqui nesse texto, porque é muita coisa...

Com as avaliações e as condições de filhote, algumas memórias minhas começaram a ser desbloqueadas. Eu fico mal, porque estou revisitando pontos de dor que eu espero que filhote não precise passar.

Eu fui uma criança com altas habilidades também, tolhida, insegura, buscando aceitação o tempo todo e me sentindo inconveniente durante a vida inteira. Eu fui uma criança com altas habilidades que não desenvolveu 1/4 das minhas capacidades. Eu sou uma mulher de saúde mental frágil, que se pune por sair dos planejamentos, por pensar diferente, por ter um ponto de vista só meu.

Como parte do meu processo de cura, eu vou fazer minha propria avaliação, para ter um laudo, para ter um pedaço de papel que me liberte e que me faça parar de sentir obrigação de me desculpar com o mundo.

Somente depois disso, vou poder buscar o apoio mais indicado para mim.

Mas não vou ficar desamparada até lá.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Estamos a 0 dias sem surtar

 Estou devendo escrever aqui, porque houve uma avalanche de coisas acontecendo na minha vida. Mas eu vou voltar. Prometo.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Dia 8 nº 5897

Para quem não entende a referência, eu tenho um número aleatório para usar quando quero dizer que já tentei muitas vezes. Ah, já foram 5893 vezes. Número específico? Sim. Ironicamente, resolvi entrar na dieta/reeducação alimentar/exercícios físicos pela 5893ª vez em 2021. Daí, toda vez que canto aquela musiquinha "teeeeeente outra veeeeeez", eu incremento um ponto.

Daí, sim, hoje é o dia 8 nº 5897.

Apesar do caos, este campo em específico está fluindo. Mas, por enquanto, somente porque eu consegui montar cardápio e lista de compras com antecedência. Se eu faço compras sem saber o que vou fazer ou usar, SEMPRE dá B.O., porque eu compro coisas que não uso, não compro o que preciso e, no final, boicote.

De alegrias, baixei 1,2kg desde o início da nova jornada, que foi parcialmente boicotada por viroses, cansaços, atendimentos bancários de 4 horas e desânimo. Mas, bebe a caneca de café e reage.

Eu ia postar terça, mas foi corrido demais. Não imaginava que quarta conseguiria ser pior. Mas cá estamos nós, nesta quinta-feira nublada, comemorando uma vitória parcial.

Hoje é meu dia presencial. Antes de sair de casa, encarei lavar dois maços de alface, lavar e picar 9 folhas de couve, montar minha salada e da babá (marido não encara saladas), e deixar mais ou menos encaminhado o roteiro do dia pro marido.

Hoje também é o terceiro dia da avaliação de filhote, então é mais um dia corrido e seguimos o baile.

Por sinal, ontem aconteceu algo curioso: eu dormi. Hahaha, eu dormi por 3 horas ao lado de filhote, enquanto tentava fazer a cria dormir. Acordei meia noite. Podia comer algo, mas preferi ir para a cama. Obviamente, não consegui dormir de novo, seja por coceiras (eu tenho coceiras estranhas por qualquer coisa), por falta de sono, sei lá. Quando deu uma da manhã, resolvi tomar um banho. Nessa hora filhote acordou de novo, mas foi só o pit stop e voltou a dormir. Aí sim, apaguei de vez.

Seguimos o baile.

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Dia 3 n° 5897

Hoje tinha reunião de manhã, então como precisava ficar acordada e as lesões da pele já secaram, tirei 50 minutos do dia para caminhar ao ar livre. Não arrisco ainda ir à academia, já que seria um ambiente fechado e com contato com equipamentos, etc.
Vamos ver se amanhã consigo andar um pouquinho mais.
Senti que esse tempo parada e o sobrepeso pesaram muito. Parei quando comecei a sentir dor, pois não queria forçar e acabar machucando. Melhor ir devagar e sempre.
Quanto às refeições, não registrei todas. O pão de queijo era do meu filho. Fiquei só com o mate sem açúcar. Não vejo a hora de resetar o paladar, porque tá osso o amargor.
De resto, seguimos o baile.

Ontem e hoje estava estressada porque deixei todas as atividades do módulo 1 da pós acumularem. Fiz todas as tarefas, menos a última. Por algum motivo, todo o material de apoio está indisponível, então literalmente tive de procurar os artigos possíveis. Foi tenso, mas foi.
Por razões de foro íntimo, eu me desiludi demais com a temática da pós, então não estava com forças para seguir. Mas como eu não tenho o $$ para pagar no caso da reprovação, voltei. Próximo módulo estarei mais disciplinada, até porque a motivação voltou em parte.

Amanhã espero retomar os estudos, que ficaram paralisados enquanto filhote e eu tivemos essa virose estranha.

Ontem me comprei um buquê de girassois e hoje comprei um vaso para colocar flores. Lamentável o fato de que eu, com quase 11 anos de casada, nunca tive um vaso. Não é o mais bonito de todos, mas atende.

De mais a mais, seguimos. Boa noite! Cruj cruj cruj, tchau!