segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Semana 0

É uma da manhã já de segunda. Fim de semana foi bom!

Hoje (ontem) apaguei e acordei só às 9:45 da manhã. Filhote ficou brincando no quarto com marido e agradeço demais ao apoio de ambos, porque finalmente me senti um pouco menos destruída. Ainda não consegui ficar bem. Não sei se os manipulados que comecei a tomar na quinta estão acelerando coisas que não deveria, ou se sou eu com minha ansiedade que tô batendo pino de vez em quando.
Fomos aos meus sogros hoje e encontramos a cunhada e família lá também. Filhote ficou feliz! Ele adora todo mundo junto!
Mas ele quis logo brincar com o livro de atividades dele (de números... e já acabou). Depois pediu pra lavar a mão (para almoçar). Comeu bem o pratinho especial dele. Depois brincou de cola colorida e chorou muito porque ele queria contar os pingos de cola como zero, um e dois, mas eu expliquei que eram o um, o dois e o três, porque o primeiro pingo existe e tem de ser contado. Zero pingo é nenhum pingo. Mas ele chorou muito, de sair lágrimas, porque queria que o um fosse zero. É um conceito meio difícil de se explicar, mas acho que melhorou.
Depois disso, fomos ao aniversário de 2 anos da filha da minha amiga Bia. Filhote se divertiu muito (e queimou muita energia), querendo tirar bolinhas da piscina de bolinha para fora, enquanto os demais meninos tentavam evitar que ele fizesse isso. Finalmente, em algum momento, ele se empanzinou de pão de queijo, e ainda estava animado no parabéns. Andou boa parte do caminho até o estacionamento. Sentamos ele na cadeirinha e três a e i o u depois, dormiu. Dormiu feito uma pedra.
Mas ainda tinha muito a se fazer. Então, eu literalmente parti pro trabalho braçal: cortei abóbora para congelar, lavei e cortei couve e repolho, ralei a abobrinha, degelei o peixe... Foi uma luta. Duas horas depois só que concluímos as tarefas e foi assim que fui deitar uma da manhã. E dormi no meio do registro, porque estava exausta demais.

Sábado o dia foi pesadinho também. De manhã, fui levar minha mãe pra fazer o ecocardio. De lá voltamos pra casa. Preparamos a comida do filhote e depois o almoço da casa. Fomos ao mercado grande, mas filhote dormiu no meio do caminho e marido teve de segurar o filhote no braço durante as compras todas. Por sorte, a lista era pequena e eu tinha organizado o que comprar. Ele acordou quando chegou ao hortifruti para completar a lista. Então, curtiu jogar a abóbora, a couve e o repolho no carrinho de compras. Voltamos e ainda tivemos de aturar o grupo de meia dúzia de gatos pingados PNC com motos que pareciam caras no terreno fazendo um (acho-que) churras com péssima música no volume máximo de um carro, que nem as janelas seguraram muito. Preciso elevar meu espírito.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Pandemia

Há algum tempo, sentia muita raiva dos tempos de pandemia. Ficaram muitas cicatrizes, especialmente sobre a dificuldade de gestar e de aprender a cuidar de um ser humano tão dependente, sem poder contar com rede de apoio, sem ter apoio presencial, sem ter quem acompanhasse o processo.

Foi duro.

Ah, mas teve vídeo chamada... Teve. Teve muita coisa, inclusive as pessoas evitando se aproximar da gente por conta do risco da pandemia e eu, grávida, sendo grupo de risco. Mas também teve raiva de ver as mesmas pessoas viajando e saindo, enquanto repetiam para a gente: fiquem em casa.

Eu não passei o Natal de 2020 com minha mãe, mesmo morando ao seu lado, porque fiquei 3 horas e meia no dia 23/12 no consultório médico esperando para colher um material para um exame. Isso porque eu tinha medo. Minha mãe é grupo de risco, asmática, idosa...

Felizmente, todos sobrevivemos. Mas nem todos.

Explico: Quando uma pessoa deixa de visitar você para preservar você, porque ela está se expondo a muitos riscos, e esses riscos eram decorrentes de trabalho, por exemplo, você entende que é um carinho, uma consideração. Quando uma pessoa deixa de visitar você supostamente para preservar você, mas viaja, sai com familiares de outras pessoas, enquanto estava trabalhando 100% remoto, você entende que não é importante o suficiente para essa pessoa.

Quando um filho não celebra por 2 anos o aniversário da própria mãe com a desculpa de que estamos vivendo uma pandemia, ele diz que a mãe não é tão importante assim, porque ele poderia, sim, ele poderia ter ficado 15 dias em casa quieto, para não botar a mãe em risco. Mas não.

Enfim, essas dores de pandemia foram me quebrando ao longo dos anos. Saber que você é sempre o segundo ou terceiro plano de pessoas importantes vai quebrando a gente aos poucos.

Mas terça-feira minha mãe passou o dia inteiro comigo, por conta do exame do mapa de 24 horas de pressão arterial e, nesse dia, eu me dei conta de uma coisa muito importante: meu filho foi a principal razão de eu não enlouquecer na pandemia.

Gente, eu sei que sou privilegiada de ter um cargo público e ter a geladeira cheia durante toda a pandemia. Cortem isso. Eu reconheço minha sorte. Não estou discutindo isso.

Eu também sei que meu filho deu outra dimensão à pandemia. Apesar do cansaço, ter um ser humaninho em formação, crescendo, conquistando suas vitórias, tudo isso fez com que a pandemia não virasse apenas um foco de política. Hoje eu vejo que muitos só vivem e respiram e conversam sobre isso, sobre Bolsonaro, sobre Lula, sobre, sei lá, o Alexandre de Moraes. Conversam e cancelam uns aos outros como integrantes de fã clube.

Então, perdoem se eu não abro a boca para falar sobre a guerra da Palestina, se eu não falo sobre o cara eleito na Argentina, se eu não me posiciono sobre o que um influencer xpto da vida falou no Insta ou no X (X, gente? Taqueopaliu, pra mim é Twitter e fds)... Na verdade, nem perdoem, porque não há o que se perdoar.

Eu só não quero gastar minha energia com isso, porque a minha meia dúzia de três ou quatro palavras não vai mudar nada. E eu não vou me sentir uma pessoa melhor só porque eu falo que A é legal e B tem cheiro de cocô.

Essa semana eu finalmente entendi que meu filho foi o livramento maior que eu poderia ter. Um significado novo. Qual o mundo que eu quero deixar pra ele? Um mundo em que eu largue o discurso no teclado para estar ao lado dele brincando de carimbo.

É sobre isso.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Silêncio

Hoje (ontem) pratiquei um ato de amor próprio e silenciei um perfil do instagram, porque estou cansada de viver de migalhas e de correr atrás de quem não quer a minha companhia.

Vou passar a fazer isso mais vezes.

Coisas para incluir na lista de 101/1001

O app do celular é muito limitado. Só dá mesmo pra postar. Vou colocar aqui alguns itens pra incluir na minha lista:

1) Comprar um maiô legal
2) Engravidar
3) Fazer uma viagem antes de engravidar ou antes de parir
4) Fazer o open house pós pandemia
5) Fazer uma cesta de café da manhã
6) Arrumar o armário da cozinha
7) Arrumar o escritório
8) Conseguir arrumar party para jogar Mansion of Madness
9) Planejar o cardápio semanal por um mês
10) Cumprir o cardápio semanal planejado por um mês
11) Criar uma agenda de compromissos compartilhada

sábado, 18 de novembro de 2023

Efêmero

Ontem, ou melhor, anteontem, eu reclamei sobre a necessidade de focar um pouco na minha saúde, tanto física quanto mental.
Daí voltei para casa e, já bem tarde, recebi uma mensagem enigmática de uma pessoa querida que foi minha professora. A mensagem dizia que, de todos os amigos dele, se ela pudesse me abraçar, me abraçaria. Eu não entendi. Dele? Abraçar? Então começou uma espiral. Dado nossos amigos em comum, somente um seria tão especial entre nós duas. Palavras de conforto? Não não não, gente, não.
E então entrei no Instagram e vi aquilo que nunca tinha passado na minha cabeça: um dos (senão o maior) amigos meus de graduação (a segunda, a do ENEM de 2015) faleceu.
Do nada, um rapaz novo, gentil, educado, engajado, engraçado, dedicado, amigo, parceiro... do nada ele foi chamado para o plano superior.
Eu não sabia do que se tratava: só tinha visto a nota de pesar do Centro Acadêmico da faculdade. Lendo os comentários, entendi que ele se sentiu mal, foi para o hospital, foi diagnosticado com Guillain-Barre, ficou internado por um mês, e ontem (anteontem) sofreu uma parada cardíaca que não conseguiram reverter.
Um rapaz tão novo, que vivia uma vida agitada dentre mestrado, trabalho e perrengues da vida adulta... e de repente isso.
Então senti raiva. Raiva de mim por não ter sabido que ele estava há um mês internado. Nós nos falávamos diariamente durante a graduação, mas já tinha me acostumado com as conversas assíncronas que são tão típicas das nossas vidas atribuladas. Hoje mando um Oi, dali a 20 dias, ele respondia dizendo que não tinha tido tempo, a gente falava besteiras, zoava a vida, e seguia. Para mim, era normal ficar tanto tempo sem notícias. Uma das minhas melhores amigas, que hoje mora na Noruega, é a prova viva das conversas assíncronas duas vezes por ano...
Mas não. Eu não soube que ele estava mal. Eu não soube que se internou. Só soube quando já foi tarde demais. E isso bateu mal em mim.
Um rapaz novo, recém formado (2021), cheio de vida pela frente, humano, um cronista do cotidiano com escrita sarcástica e fantasiosa ao mesmo tempo, excelente argumentador, com postura madura para as melhores sustentações orais que já vi num aluno de graduação... humilde, divertido, esperando o dia da exaltação, mas no momento focado em superar a humilhação, já que o "não" a gente sempre tinha...
O segundo baque. Seus pais. Como não pensar em seus pais? Qual a dor maior de um pai do que perder um filho? A vida está errada, não faz sentido... não é justo que algum pai tenha de enterrar o filho...
Não pude ir ao velório. O enterro será hoje em Cabo Frio. Só posso rezar para que sua passagem seja em paz e que seus pais possam encontrar algum conforto, se é que isso é possível.
Perdi um amigo.
Não quero descobrir que perdi um amigo por uma nota de pesar no instagram.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

8 anos entre uma vida e outra

 Como disse a mim mesma, eu precisava de um local para desabafar.

É engraçado como a vida é cíclica. Estou novamente na fase ostra, com vontade de sumir do mundo. Nesse meio tempo, pessoas incríveis surgiram na minha vida. A maior (ou menor) delas foi meu filho. É, eu sou mãe.

Uma outra Clara surgiu, literalmente, porque eu meio que ocupo quase 2x o meu espaço lateral anterior. Dessa eu não gosto.

Um dia eu talvez fale sobre os outros. Um dia eu talvez fale sobre mim. Eu só queria achar um clubinho do qual eu me sinta parte. Mas faz parte de mim ser e não ser ao mesmo tempo.

Vou tentar falar aqui sobre tudo o que eu penso, cuspindo meus sentimentos, como uma terapia.

Passados tantos anos, ninguém virá aqui mesmo. Nem eu sabia da existência desse blog com 90 posts.